Além da identificação da demanda pelos auxílios da assistência estudantil, a coleta de dados
nos permitiu traçar um perfil social dos 2.232 inscritos neste edital. É um recorte da realidade
que nos ajuda no exercício de compreender o todo, como nos propomos quando fazemos um
estudo de caso. Assim, vejamos.
Em relação à variável sexo, 36,7% dos inscritos são do sexo masculino e 63,3% dos inscritos
responderam ser do sexo feminino. Este dado reforça a pensar na necessidade de outras políticas
relacionadas ao gênero. Sem entrar aqui, no debate que envolve o conceito de gênero, que vem
ampliando seu alcance positivamente na UFRRJ. Os percentuais acima apontam que as
mulheres são a maioria na procura por auxílios da assistência estudantil e, portanto, estão em
situação de maior vulnerabilidade.
Outras duas variáveis nos mostram que, 71,6% dos inscritos nunca trabalharam e 95,7% são
solteiros.
Quanto à variável de raça: 37,6% dos inscritos responderam ser pardos, 36,7% são brancos,
24,3% se autodeclararam negro (dentre estes, 10,12% se autodeclaram quilombolas), 0,40%
disseram ser indígenas e 0,95% responderam ser amarelos. Este dado merece duas importantes
interpretações.
Por um lado, a questão social perpassa todas as raças mencionadas, se quisermos analisar do
ponto de vista da interseccionalidade. Duas das três variáveis da interseccionalidade como
metodologia (Akotirene, 2022) se encontram em maior número aqui: sexo feminino, negros e
pardos, sendo o critério principal de seleção neste edital de auxílios, a renda. Por outro lado,
um cruzamento com a pesquisa de pós-doutorado a respeito da permanência de estudantes
quilombolas na UFRRJ feita em 2021, também pela autora desse artigo, encontrou somente 06
estudantes quilombolas. Ou seja, temos um indicador de que a universidade não conhece seus
estudantes. Na inscrição de um edital de auxílios da assistência estudantil 55 estudantes se
identificaram como quilombolas (10,12% dos 24,3% de negros), enquanto a pesquisa de pós-
doutorado que utilizou inclusive como ferramenta de coleta de dados, uma consulta através da
ouvidoria institucional, só identificou 06 estudantes (Oliveira, 2022).
Dos 2.232 estudantes inscritos, 25,8% ingressaram na Universidade pela ampla concorrência
no Sistema de Seleção Unificado (SISU).
Sobre a nacionalidade, 99% dos inscritos são brasileiros e 0,2% são estrangeiros (05 estudantes)
e 0,8% não responderam.
Em relação a ter algum tipo de transtorno 09 estudantes disseram que sim, sendo 05 estudantes
com transtornos globais e 04 com superdotação. Sobre a existência de inscritos com deficiência,