Francielle Manini
A REPRESENTAÇÃO DA “MÃE JUDIA” E OS CONFLITOS ALIMENTARES EM “O EXÉRCITO
DE UM HOMEM SÓ” DE MOACYR SCLIAR
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A REPRESENTAÇÃO DA “MÃE JUDIA” E OS CONFLITOS ALIMENTARES EM
“O EXÉRCITO DE UM HOMEM SÓ” DE MOACYR SCLIAR
LA REPRESENTACIÓN DE LA "MADRE JUDÍA" Y LOS CONFLICTOS
ALIMENTARIOS EN 'EL EJÉRCITO DE UN HOMBRE SOLO' [O EXÉRCITO DE
UM HOMEM SÓ] DE MOACYR SCLIAR
THE REPRESENTATION OF THE "JEWISH MOTHER" AND FOOD CONFLICTS
IN MOACYR SCLIAR'S THE ARMY OF ONE MAN
Manini, Francielle
Universidade Estadual do Centro-Oeste
francemanini@gmail.com
Resumo
Este trabalho analisa a representação da “Mãe Judia” e os conflitos alimentares em O Exército
de um Homem Só, de Moacyr Scliar, a partir de uma abordagem qualitativa centrada na análise
textual e nas referências culturais e identitárias da alimentação. Foca-se em dois temas
principais: a mãe judia como "superalimentadora" e as ambíguas perspectivas em relação ao
porco, tanto culturais quanto religiosas. A pesquisa investiga a mãe como figura superprotetora,
atenta à magreza extrema do filho, Mayer, um traço que se prolonga na relação com sua esposa,
Léia. Em seguida, aborda as contradições em relação ao porco, impuro pelo judaísmo, mas visto
por Mayer como um “companheiro” em sua sociedade utópica. A análise examina como esses
elementos refletem as convicções alimentares e o quixotismo do protagonista, destacando as
tensões culturais e a alienação em sua busca por ideais utópicos, que o conduzem à
autonegligência alimentar.
Palavras-chave: Alimentação; Mãe Judia; Moacyr Scliar; Judaísmo; Evasão da Realidade.
Resumen
Este trabajo analiza la representación de la “Madre Judía” y los conflictos alimentarios en O
Exército de um Homem de Moacyr Scliar, a partir de un enfoque cualitativo centrado en el
análisis textual y en las referencias culturales e identitarias de la alimentación. Se enfoca en dos
temas principales: la madre judía como "superalimentadora" y las ambivalentes perspectivas en
relación con el cerdo, tanto culturales como religiosas. La investigación explora a la madre
como figura sobreprotectora, atenta a la extrema delgadez de su hijo, Mayer, un rasgo que se
prolonga en su relación con su esposa, Léia. A continuación, aborda las contradicciones en
relación con el cerdo, considerado impuro por el judaísmo, pero visto por Mayer como un
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“compañero” en su sociedad utópica. El análisis examina cómo estos elementos reflejan las
convicciones alimentarias y el quijotismo del protagonista, destacando las tensiones culturales
y la alienación en su búsqueda de ideales utópicos, que lo conducen a la autonegligencia
alimentaria.
Palabras clave: Alimentación; Madre Judía; Moacyr Scliar; Judaísmo; Evasión de la Realidad.
Abstract
This study analyzes the representation of the "Jewish Mother" and the food conflicts in O
Exército de um Homem [The One-Man Army] by Moacyr Scliar, focusing on two main
themes: the Jewish mother as an "overfeeder" and the ambiguous perspectives surrounding
pork, both culturally and religiously. The analysis investigates the depiction of the Jewish
mother as an overprotective figure concerned with her son Mayer’s extreme thinness and how
this concern manifests in Mayer’s wife, Leia, who mirrors this maternal figure in his adult life.
Subsequently, the study addresses the contradictions regarding pork, which, although
considered impure in Judaism, is viewed by Mayer as a “companion” in his utopian society.
This duality reflects the protagonist’s complex dietary convictions and highlights his quixotic
tendency to pursue ideals that alienate him, resulting in self-neglect and poor nutrition. The
study concludes by discussing the importance of food, emphasizing the cultural tensions and
challenges faced by the protagonist in his pursuit of utopian ideals and his disconnection from
reality.
Keywords: Food; Jewish Mother; Moacyr Scliar; Judaism; Reality Evasion.
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Scliar e seus traços biográficos
Moacyr Scliar, uma figura proeminente da literatura brasileira contemporânea, explora em suas
obras as complexidades da realidade social urbana, da identidade e da imigração judaica,
especialmente no contexto sul-rio-grandense. Embora tenha afirmado que suas obras não são
autobiográficas, frequentemente elas sugerem vínculos com suas experiências pessoais (Van
Steen, 2008), como é o caso de O Exército de um Homem (1973), que é ambientado no bairro
Bom Fim, em Porto Alegre, onde o autor foi criado.
Nesta novela emblemática, Scliar narra as aventuras de Mayer Guinzburg, um idealista que
almeja transformar seu bairro em um experimento socialista. A obra aborda os ideais e conflitos
de toda uma geração, incluindo o sonho socialista, as diversidades culturais e os conflitos
familiares. O personagem do “Capitão Birobidjan”, apelido depreciativo que Mayer recebe de
seus conhecidos, figura como um anti-herói na trama, destacando-se como uma das criações
prediletas do autor.
A história é contada ora pelos olhos de seu irmão, Avram, ora por um narrador onisciente, que
reflete sobre o quixotismo moderno vivido por Mayer, que submerge em suas utopias, lutando
pela justiça social, ao mesmo tempo em que cada vez mais se afasta do mundo real. Não por
acaso, Scliar descreve-o como um personagem que "oscila entre o idealismo e a franca
maluquice" (Scliar, 2007:201), capturando a dualidade de seu fervor idealista e suas ações
impulsivas aspectos presentes na juventude de sua época.
Uma presença central na infância de Mayer é a figura de sua mãe judia, cuja dedicação fervorosa
em alimentá-lo se torna um tema recorrente e emotivo na obra. Através de detalhes vívidos e
humorísticos, Scliar retrata os esforços de uma mãe tipicamente judia, que se empenha
incansavelmente para nutrir seu filho, enfrentando um ambiente multicultural. Essa
representação materna não apenas humaniza Mayer, mas também revela aspectos essenciais da
cultura judaica, como a importância da família e a transmissão de tradições através da
alimentação.
Ao explorar a relação entre Mayer e sua mãe, Scliar oferece uma visão íntima refletindo sobre
identidade, pertencimento e os dilemas éticos enfrentados pelos personagens diante de
transformações sociais e históricas. Este estudo pretende examinar como Scliar utiliza
referências culturais e religiosas para construir uma narrativa que ressoa com as experiências
de muitas famílias judaicas, contribuindo para uma compreensão mais profunda dessas relações
familiares, especialmente no que diz respeito ao tema da alimentação.
O papel civilizador da alimentação, enraizado em valores culturais compartilhados, é essencial
na construção das personagens literárias. Ao explorar a função da comida na literatura, é crucial
destacar como detalhes da rotina e dos hábitos dos personagens contribuem para a
verossimilhança e coerência narrativa. Candido (1968) enfatiza que a representação fiel de uma
pessoa é impossível na arte ficcional, pois cada personagem é uma criação limitada, mas
essencial para a expressão da essência da ficção. Como Candido argumenta, a ficção não busca
simplesmente copiar a realidade, mas interpretar seu mistério através da perspectiva única e
criativa do autor, que adiciona suas próprias incógnitas pessoais à personagem.
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Para analisar essas questões, optou-se por utilizar uma metodologia qualitativa, centrada na
análise textual e no papel civilizador da alimentação, enraizado em valores culturais
compartilhados. A caracterização da mãe de Mayer Guinzburg, suas práticas alimentares, e o
papel que desempenha no contexto cultural judaico são investigados com o suporte de teorias
críticas, incluindo perspectivas históricas e culturais. Essa abordagem permite uma
compreensão mais ampla das complexidades familiares e socioculturais exploradas por Scliar,
considerando tanto as referências culturais e religiosas quanto as autorreferências do autor, que
se entrelaçam na narrativa. Para isso, foi realizada uma revisão abrangente da literatura,
integrando informações biográficas de Scliar, entrevistas, e conceitos provenientes de estudos
acadêmicos e religiosos sobre a figura da "mãe judia", além de aspectos do judaísmo e questões
relacionadas à imigração judaica e à alimentação.
Através de detalhes vívidos e humorísticos, Scliar retrata os esforços de uma mãe tipicamente
judia, que se empenha incansavelmente para nutrir seu filho em um ambiente multicultural.
Essa representação materna não apenas humaniza Mayer, mas também revela aspectos
essenciais da cultura judaica, como a importância da família e a transmissão de tradições através
da alimentação. Neste estudo, a análise dessas práticas alimentares e das motivações da figura
materna na narrativa seenriquecida por estudos acadêmicos sobre a cultura judaica e aspectos
históricos relacionados à imigração judaica.
Além disso, a metodologia inclui a utilização de informações biográficas do autor, contribuindo
para uma compreensão mais profunda das dinâmicas representadas. O recurso de
autorreferência usado por ele, a integração de elementos da vida pessoal do autor em seus
textos, não apenas confere uma camada adicional de significado, mas também revela o quanto
Scliar estava imerso em suas próprias experiências e emoções. Em O Exército de um Homem
Só, a figura da mãe judia é mais do que um simples personagem; ela é uma expressão visceral
do afeto e da admiração que Scliar nutria por sua própria mãe. A representação desta
personagem maternal é um tributo à figura materna em sua vida, refletindo a dedicação e o
amor que ele testemunhou em sua infância.
Ao criar a mãe judia na narrativa, Scliar não apenas desenha um retrato vívido e emotivo de
uma mulher que nutre e cuida, mas também busca capturar a essência da influência materna em
sua própria vida. Este gesto de recriar sua mãe em seus textos serve como um meio de
preservação e homenagem, revelando a forma como a presença materna moldou sua visão de
mundo e sua sensibilidade literária. A conexão entre a criação literária e a realidade pessoal de
Scliar se torna um canal para explorar e expressar a complexidade das relações familiares,
enquanto também oferece uma visão mais íntima e pessoal sobre a importância da figura
materna em sua obra.
Apesar de outros alimentos aparecerem na narrativa, como o “café com leite e pão,” refeição
que o protagonista escolhe consumir na vida adulta, mesmo sendo pobre em nutrientes, e o leite
da “companheira cabra” e ovos, o porco representa o maior conflito para Mayer devido à sua
condição de judeu e seu impacto na família. O porco, em especial, expõe profundamente o amor
de sua mãe, que supera suas crenças e convicções tanto culturais quanto religiosas para
satisfazer o desejo insistente do filho. A mãe emerge como uma figura abnegada, repleta de
amor e preocupações. O porco simboliza o conflito por destacar complexidades e dilemas
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morais enfrentados por personagens que desafiam e redefinem os limites de suas culturas e
convicções pessoais. A relação ambígua de Mayer com a alimentação enfatiza suas lutas
internas e as tensões entre suas convicções políticas e limitações, refletindo as tensões mais
amplas da sociedade em que está inserido. A pesquisa foca na figura da mãe judia e no porco,
pois preparar o porco reflete um ato de amor materno.
A figura da “mãe judia” como uma “superalimentadora”
A figura da mãe possui um simbolismo profundo e multifacetado que transcende culturas e
períodos históricos, refletindo uma ampla gama de significados e funções. Em muitas tradições
culturais, a e é associada à nutrição, proteção e à fonte da vida, frequentemente simbolizada
por elementos naturais como o mar e a terra, que representam o corpo materno como um
receptáculo e matriz da existência. Chevalier e Gheerbrant (2001) considera que,
historicamente, as Grandes Deusas Mães, como Gaia na mitologia grega, Ísis no Egito e Kali
na tradição hindu, exemplificam a maternidade como um princípio de fertilidade e criação. No
entanto, a simbologia da mãe também abrange aspectos ambivalentes, como o controle e a
opressão, que podem emergir da função materna. Essa dualidade é visível na tradição cristã
com a Virgem Maria, que combina pureza e maternidade real, e em figuras como Kali, que
simboliza a força vital universal em sua forma mais completa e complexa. O estudo dessas
representações revela como a figura da mãe é interpretada de maneiras diversas, refletindo tanto
os aspectos protetores quanto os aspectos restritivos da maternidade, e sublinha a necessidade
de considerar essas nuances para compreender a profundidade do simbolismo maternal em
diferentes contextos culturais e históricos.
Considerando isso, a ambivalência inerente à figura materna também deve ser considerada. A
mãe é percebida não apenas como uma fonte de segurança e carinho, mas também como uma
figura que pode exercer controle excessivo e opressivo. Essa dualidade reflete-se na maneira
como a mãe pode oferecer proteção e calor, mas também representar limites restritivos e
sufocantes.
A simbolização da mãe como arquétipo agrega uma camada adicional de profundidade à sua
intrincada representação: “é a primeira forma que toma para o indivíduo a experiência da
ânima, isto é, do inconsciente” (Chevalier & Gheerbrant, 2001:581). A mãe pode ser vista
como um símbolo do inconsciente, refletindo tanto aspectos construtivos quanto destrutivos.
Este arquétipo, que engloba a origem de todos os instintos e a totalidade da experiência da vida,
demonstra como a figura maternal pode ser simultaneamente uma fonte de criatividade e uma
força potencialmente destrutiva. A ambiguidade da mãe como arquétipo sublinha a
profundidade das relações humanas e a importância de considerar a figura maternal em suas
múltiplas facetas.
Historicamente a mãe judia é um símbolo de resiliência e perseverança que mantém a e as
tradições em tempos de adversidade, e transmite essas qualidades às futuras gerações. No
judaísmo tradicional, a identidade judaica é transmitida pela mãe, conforme a Halachá (lei
judaica), destacando a importância da matrilinearidade na continuidade do povo judeu.
Responsável por introduzir as crianças nas práticas e tradições religiosas, garantindo a formação
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espiritual e moral dos filhos, ela mantém as leis dietéticas (kashrut) e outras tradições dentro do
lar, desempenhando um papel central nas celebrações das festas judaicas e do Shabbat
(Nogueira, 2015). Na literatura, como nas obras de Moacyr Scliar que trazem aspectos de sua
própria mãe -, a mãe judia é retratada como uma figura zelosa e protetora, preocupada com o
futuro e o bem-estar dos filhos.
Em entrevista ao Programa “Roda Viva” da TV Cultura exibido 2010, o próprio Scliar alega
que sua mãe, como uma “mãe judia” era uma alimentadora contumaze que nunca soube o
que é a expressão “sentir fome”, já que ela sempre estava atrás dele com um prato de comida.
Transportando essas e outras vivências familiares para sua ficção, o autor vem sublinhar a
importância das raízes, tanto na vida quanto na literatura (Scliar, 2007).
De acordo com a rabina Sandra Kochmann (2005), a função da mulher judia, influenciada por
culturas estrangeiras como a grega, foi confinada ao lar, centrada na maternidade e no suporte
ao marido. As mulheres, anteriormente ativas como profetizas e juízas, tornaram-se mães
procriadoras, dependentes dos homens e excluídas de assuntos considerados sérios. Com o
surgimento dos movimentos feministas e da reforma judaica, o papel da mulher começou a ser
revisitado, permitindo novas perspectivas além da ortodoxia tradicional.
No início da narrativa, o irmão de Mayer, Avram Guinzburg, relata a partida da família da
Rússia em 1916, em direção ao Brasil. Tal imigração é abordada com uma postura humorística,
apaixonada e didática, adotando uma perspectiva marcada pelo hibridismo cultural, oferecendo
uma visão singular da imigração judaica.
Muitos judeus, no início do século vinte, migraram para as Américas almejando fugir dos
Pogroms
1
. Recém-chegados em Porto Alegre, a mãe do protagonista, sofrendo ao ver os filhos
trabalhando de forma humilde, com balaios na mão, concentra seus esforços em Mayer,
preocupada com sua magreza, que acredita ser um obstáculo para o sucesso acadêmico: “Nossa
mãe tinha projetos para nós: eu seria médico, Mayer, engenheiro; ou, eu advogado, Mayer
engenheiro; ou, eu engenheiro, Mayer advogado...” (Scliar, 1980: 21) Enquanto isso, Mayer,
ridicularizado por suas ideias marxistas, embalado por seus devaneios, divaga de forma um
tanto esquizofrênica sobre a realidade. Ainda menino, sente deixar a Rússia, e carrega consigo
o sonho de fundar uma nova sociedade, que tentará concretizar anos mais tarde, intitulada de
“Nova Birobidjan
2
”. Seus ideais refletem em uma postura rebelde e em um relacionamento
familiar difícil o qual parece desgastar principalmente a mãe que, altamente zelosa, representa
a “mãe judia”.
A “mãe judia”, conforme expressão conceituada na obra “Do Éden ao divã: humor judaico”
a qual o próprio Scliar contribui com resenhas é tida como uma mulher cuidadosa e
extremamente protetora. Sua característica "alimentadora", não à toa, também é satirizada em
1
Os Pogroms foram perseguição e massacres ao reacionismo, nacionalismo e antijudaísmo de
Alexandre III e seu sucessor Nicolau II. Os pogroms começaram em 1903 em Kishnev e acabaram
vitimando mais de 75mil judeus. Em consequência, entre 1881 e 1914 cerca de 300mil judeus migraram
para Estados Unidos, Argentina, Brasil e Canadá.
2
Inspirado em Birobidjan, cidade que foi estabelecida como uma espécie de Israel soviética antes da Segunda
Guerra Mundial, atraindo judeus de diferentes países que buscavam construir uma nova vida na URSS.
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"O Manual da Mãe Judia", um livro cômico onde Greenburg, o autor, afirma que a mãe judia
teme a boca vazia. Ironiza-se na obra que o principal objetivo dessa mãe é "encher todas as
bocas ao seu alcance com a comida mais nutritiva que puder preparar" (Greenburg, 1994: 22).
Adicionalmente, a figura notada na história da imigração judaica, é descrita como a
personagem mais típica do folclore judaico nos Estados Unidos. Devidamente transplantada
da Europa teve, na América, suas energias grandemente multiplicadas, tornando-se a
superalimentadora e a superprotetora” (Scliar, 1991: 113).
Por meio da relação entre o protagonista Mayer e sua mãe, percebemos, entre conflitos, uma
devoção intensa de zelo quase desesperado. A mãe se faz disposta a grandes sacrifícios e a usar
de todos os recursos possíveis para garantir a saúde e o bem-estar do filho que, inclusive,
chegava a se esconder no sótão para não, comer” (Scliar, 1980: 21).
Como apresentado, Mayer era magro, e o narrador acrescenta, de certa forma a justificar a
obsessão da mãe: rapazes magros não progridem nos estudos. Sabia-se.” (Scliar, 1980:19).
Os esforços dessa mãe iam desde a obtenção de galinhas para o sacrifício ritual até longas
viagens para adquirir leite de cabra. Apesar de suas diligências, Mayer frequentemente recusa
os alimentos preparados, desafiando sua mãe e frustrando suas expectativas de vê-lo saudável
e bem-sucedido que este, na perspectiva da mãe, teria um futuro mais promissor que o
irmão, por dedicar-se mais aos estudos. Sua extrema magreza é percebida como um
impedimento ao progresso acadêmico, algo que ela tenta contornar com sua dedicação: A
resistência de meu irmão, contudo, era fantástica; Come. Come. Nossa mãe começava a
ficar nervosa. Nosso pai vinha em auxílio dela, inutilmente. Mayer não abria a boca. Come!
(Scliar, 1980: 34)
A mãe, sempre empenhada um dia partiu para a súplica: jogou-se nos pés dele: Diz, meu
filho, diz o que tu queres comer! O que quiseres, a mamãe traz!(...) Houve um silêncio,
cortado pelos soluços de nossa mãe. (Scliar, 1980: 21). Desesperada, ouve Mayer pedir
costeletas de porco, um alimento proibido na dieta judaica. Determinada, desafia a autoridade
do pai, insiste que Mayer coma o que deseja, mesmo às custas de suas próprias convicções
religiosas:
Aqui, falemos um pouco de nosso pai. O sonho de nosso pai era ser
rabino; não o conseguira, naturalmente, mas era um crente fervoroso.
Ia todos os dias à sinagoga; guardava cuidadosamente o sábado; e
jejuava várias vezes por ano. Era para a mulher deste homem que
Mayer Guinzburg pedia porco.
(Scliar, 1980: 21)
A mãe, como dito, cede ao pedido do filho, evidenciando a complexidade das relações
familiares e os dilemas entre tradição e modernidade. Quando leva à mesa o prato de costeletas,
desperta-se uma grande crise:
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Nosso pai deixou cair o garfo e ficou pálido. Lentamente levantou-se
da mesa. Senta aí! gritou nossa mãe. Não vês que é só isto que
ele quer comer? Este guri magro, fraco, este desgraçado? Se é isto que
ele quer, é isto que ele comerá! Porco! gritou nosso pai. Porco
em minha casa! Na casa de Schil Guinzburg! Porco! Senta! gritou
nossa mãe. Mas nosso pai tinha ido para o quarto; de nós
ouvíamos o ruído de móveis destroçados e urros de raiva. Depois a
porta da rua bateu. Fez-se silêncio.
(Scliar, 1980: 22)
Seu irmão relata que a mãe repetia e gritava com o filho, até ele conseguir engolir as costeletas:
“— Come! berrou nossa mãe. Come! Come! Arrancava os cabelos da cabeça, lanhava o
rosto com as unhas. Apressadamente Mayer engoliu as costeletas, eu o ajudando como podia.
(Scliar, 1980:22). Dessa forma, a situação sarcástica vem evidenciar não apenas os conflitos
geracionais, mas também a luta entre tradição e modernidade, fé e pragmatismo. Sua mãe não
somente representa a figura materna arquetípica que alimenta e protege, mas também uma
mulher que enfrenta os desafios de criar filhos em um mundo em transformação.
No estágio inicial, tanto meninos quanto meninas estabelecem a mãe como seu primeiro objeto
de afeto, formando com ela um vínculo profundo e amoroso. Entretanto, o destino desse amor
adota formas distintas para cada sexo. No caso do menino, a mãe permanece como o objeto
primordial de afeto; à medida que ele compreende a dinâmica entre os pais, o pai se torna um
rival. Esse fenômeno é descrito por Freud (1976) como uma eleição inconsciente do pai como
concorrente. Quando Mayer solicita costeletas de porco, ele não apenas expressa um desejo
alimentar, mas também desafia a autoridade do pai, com a consciência de que a mãe, em seu
papel de protetora e alimentadora, será capaz de confrontar o pai para satisfazer seu desejo.
As brigas não cessaram, mesmo após o episódio. Vertendo o peculiar humor ácido de Scliar, o
protagonista seguia seu deboche, ao que a mãe continuava diariamente a gritar-lhe “coma!”.
Mayer comia, mas de vez em quando, na mesa, espicaçava a família: "Ai que saudades das
costeletas de porco...". Aquele rebelde!” (Scliar, 1980:23)
A preocupação do pai também se manifesta, refletida na sua tentativa de envolver Mayer em
uma consulta com o Dr. Freud, que coincidentemente faria uma conexão em Buenos Aires no
aeroporto de Porto Alegre. Mayer recusou-se a ir, frustrando seu pai devoto, que argumentava:
"― Mas é como a Torá, meu filho (...) É a força da palavra!" (Scliar, 1980: 36). Mesmo diante
dessa recusa, o pai procurou o psicanalista na esperança de discutir os conflitos internos de
Mayer, sua rebeldia e sua recusa em se alimentar, numa tentativa de compreender e lidar com
a situação extrema enfrentada pela família afinal, o pai também ama e ama suas tradições,
inclusive o incentivava a estudar para ser rabino, coisa que nunca se realizaria.
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O amor que Mayer recebe de sua mãe as diferenças e rebeldias que ele abraça. Apesar de ele
desafiar as tradições judaicas e se dedicar a utopias socialistas, ela o ama profundamente, não
por ser perfeito, mas por ser parte dela. Ela admira sua coragem, mesmo quando isso a preocupa,
e respeita sua busca por um mundo melhor, mesmo sem compreender totalmente seus ideais.
Seu amor é incondicional, uma força silenciosa que não exige reciprocidade, sempre pronta
para acolhê-lo, independentemente de suas escolhas e caminhos.
Se interpretarmos do ponto de vista metafórico, o descontentamento de Mayer com a
alimentação pode representar um possível posicionamento ateísta, como a negação de “engolir”
os ensinamentos religiosos, que tanto a família valoriza. Por outro lado, vemos que até o final
de sua vida, e , mesmo em fases em que o personagem se põe um pouco mais consciente sobre
seu judaísmo, ainda oscila em suas necessidades alimentares e faz desavenças em função do
tema. Em sua autonegligência, o que lhe serve de alimento, partindo de iniciativa própria, é tão
somente café e pão.
Pode-se entender que, essas autonegligências são tanto uma forma de chamar atenção e receber
carinho quanto de se fazer presente no mundo real, mesmo enquanto o personagem deixa-se
levar por seus devaneios. Perseguindo suas ideias e avistando sempre seus imaginários
companheiros “os homenzinhos pequenos”, adentra a vida adulta, encontra um emprego e uma
espoa, a personagem Léia, que também é judia. Esta, por sua vez, lhe incita a comer de modo
similar ao da mãe: o imperativo “Coma!”.
A esposa percebe que Mayer oscila entre realidade e utopias, e, como a mãe dele, destina a ele
cuidados maternais. Em certo momento, sob o zelo da esposa, Mayer estava deixando de ser
magro e, refletindo ainda sob uma perspectiva ideológica que para ele é quase persecutória-,
procura manter-se corporalmente “equilibrado”:
No cinto os buracos aquém-fivela aumentavam em número, os buracos
além-fivela diminuíam. Mayer desconfiava que certa relação, cinco
para três, por exemplo, marcava o limite divisório a partir do qual se
iniciava o território da gorda burguesia. Pensava em fugir a esta
evidência usando suspensórios, embora estes também fossem um
símbolo retrógrado. Léia censurava-o por este tipo de preocupações:
―Come!, repetia constantemente; queria -lo sólido, não elegante.
―Come!. A magreza afligia-a. Sabia, é claro, que os gordos vivem
menos; mas este era um problema para depois, para a hora da morte.
Às refeições queria que Mayer comesse, sopa, pão; de tudo o bastante.
(Scliar, 1980: 53)
Léia nutre por ele um amor complexo e resiliente. Embora muitas vezes se sinta distante dos
sonhos revolucionários do marido e incompreendida diante de sua dedicação às utopias
socialistas, seu amor é profundo e inabalável. Quando Mayer adoece gravemente, acamado com
hepatite e à beira da morte, Léia assume um papel quase maternal, insistindo com carinho e
firmeza para que ele se alimente e receba os cuidados necessários.
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Mesmo quando o encontra definhando, vivendo entre animais em sua nova sociedade,” ela
não o julga; ao contrário, trata de alimentá-lo e cuidar dele, aceitando com resignação seu
bovarismo, apenas lamentando seu estado. Nesse ato de amor silencioso e incondicional, Lea
assume o papel de mãe para Mayermesmo que seja de seu próprio marido. A dinâmica entre
os dois remete a conceitos freudianos, onde os papéis de mãe e esposa se entrelaçam,
especialmente no contexto de uma família judia, onde o amor de uma e judia é visto como
inesgotável. Segundo Freud, essa mistura de papéis pode ser uma manifestação de desejos
inconscientes e da complexa rede de afetos que permeia os relacionamentos íntimos. Léia, ao
cuidar de Mayer como uma mãe cuida de um filho, expressa um amor que, embora repleto de
contradições, é profundamente enraizado em sua identidade e tradição judaica, reforçando o
laço conjugal enquanto revela as vulnerabilidades de ambos.
Da perspectiva ambígua sobre o “porco”
A visão sobre o porco na narrativa é marcadamente ambígua. Em diversas culturas, com
exceção dos sino-vietnamitas e entre os egípcios, o porco simboliza a comilança e a voracidade,
frequentemente associado a tendências obscuras, “sob todas as suas formas, da ignorância, da
gula, da luxúria e do egoísmo”, sendo essa a razão espiritual de sua interdição (Chevalier;
Gheerbrant, 1998: 734).
Biblicamente, a transgressão referente ao consumo de carne suína explica-se no livro de
Levítico, parte do Pentateuco, em que o porco é descrito como um animal com a unha fendida
e o pé dividido, mas que não rumina, o motivo de sua impureza: "Não comereis da sua carne e
não tocareis nos seus cadáveres: vós os tereis por impuros" (Levítico, 11:7-8). Portanto,
qualquer consumo ou contato com carne suína constitui uma violação direta desse preceito.
Ademais, as restrições alimentares não se baseavam em critérios nutritivos, médicos ou
gastronômicos, mas sim eram vistas como um conjunto de normas destinadas a reforçar o
isolamento cultural da comunidade judaica (Carneiro, 2003).
Apesar de assimilado por sua família como proibido, Mayer, quando compartilha com os
animais a construção de sua nova sociedade, inclui o porco entre os companheiros, ao lado da
“Companheira Cabra” e da “Companheira Galinha”. Ele ainda apresenta e defende o porco
perante sua esposa, afirmando: “Quanto ao Companheiro Porco, é leal e corajoso. Se não
trabalha mais é devido à sua própria natureza...” (Scliar, 1980: 72).
No entanto, Mayer também utiliza a palavra "porco" como xingamento, especialmente ao
referir-se aos "porcos capitalistas" contra os quais se posiciona. Essa ambiguidade é
intensificada pelo fato de que, apesar de ter desejado e consumido a carne de porco, ele usa o
termo de forma pejorativa. Essa dualidade revela suas contradições internas em relação ao
animal, refletindo suas complexas atitudes ideológicas e culturais. Ao empregar o termo
"porco" como insulto aos capitalistas, Mayer associa o animal à ganância e à corrupção,
utilizando símbolos culturais e religiosos de maneira provocativa para transmitir suas críticas
sociais e políticas. Assim, o porco na obra de Scliar não é apenas um animal, mas um elemento
crucial para explorar as complexidades da identidade judaica, da ideologia socialista e das
tensões culturais.
Francielle Manini
A REPRESENTAÇÃO DA “MÃE JUDIA” E OS CONFLITOS ALIMENTARES EM “O EXÉRCITO
DE UM HOMEM SÓ” DE MOACYR SCLIAR
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Mayer, ao conviver com o Companheiro Porco em seu experimento socialista de Nova
Birobidjan, desafia diretamente tradições e tabus alimentares profundamente enraizados na
cultura judaica. Quando quis se alimentar do animal em sua infância (o fazendo talvez por
rebeldia) pede para a mãe as costeletas, sabendo-a sempre pronta e obcecada a alimentá-lo. Ao
preparar o porco para Mayer, ela não apenas confronta suas próprias crenças, mas também
demonstra o quanto está disposta a ir para garantir que seu filho se alimente adequadamente.
Essa ação contraditória reflete não apenas um ato de amor materno, como também um conflito
interno entre tradição e necessidade, entre o sagrado e o prático.
Mayer, por sua vez, reage de maneira complexa a essa situação. Ele, que se como um
idealista revolucionário, confronta não apenas as expectativas da sociedade ao seu redor, mas
também os ensinamentos fundamentais de sua própria cultura. Sua luta para reconciliar suas
convicções políticas com as realidades práticas da vida diária o coloca em constante tensão
consigo mesmo e com aqueles ao seu redor, especialmente sua mãe.
Considerações
Ao longo da novela, Scliar utiliza a figura de Mayer Guinzburg para explorar as contradições e
desafios pessoais e sociais que refletiam inquietações da sociedade jovem de sua época, assim
como os impactos das ideologias utópicas. A rebeldia adolescente revolucionária de Mayer é
perceptível ao longo de toda a narrativa, persistindo até seus momentos finais.
Idealista incurável e dedicado a seu experimento socialista, Mayer é cercado por figuras
femininas cuidadoras, refletindo a tradição cultural da "mãe judia". Sua esposa, Léia, cuida dele
com a mesma dedicação que sua mãe biológica, especialmente durante crises como sua hepatite
ou a fundação de Nova Birobidjan. Léia assegura que Mayer seja alimentado adequadamente,
enfrentando suas teimosias para garantir seu bem-estar, exemplificando a continuidade da
figura materna na vida de Mayer.
Conforme analisado à luz do complexo de Édipo e da dinâmica familiar proposta por Freud, o
pedido de Mayer por costeletas de porco pode ser interpretado como uma manifestação
inconsciente de seu desejo de desafiar a autoridade paterna, transcendentemente a um simples
desejo alimentar. Mayer está ciente de que sua mãe, ao abdicar de suas crenças judaicas, se
submeterá a suas vontades e enfrentará o pai para satisfazê-lo. Esse comportamento evidencia
a profunda conexão entre Mayer e sua mãe, que, apesar das suas próprias renúncias, demonstra
um amor incondicional e abnegado ao apoiar e atender aos desejos do filho.
Mayer frequentemente se comporta de maneira irresponsável, submergindo em seus devaneios.
Sua persistente autonegligência e suas oscilações entre idealismo fervoroso e momentos de
desilusão proporcionam uma reflexão profunda sobre os fanatismos e as crises pessoais que
permeiam sua vida.
Conforme apurado, a presença do porco na vida de Mayer simboliza não apenas uma questão
alimentar, mas um ponto crítico de conflito entre identidade, tradição e ideologia. Este animal
contraditório serve como um lembrete poderoso das complexidades e dilemas morais
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enfrentados por personagens que buscam desafiar e redefinir os limites de suas próprias culturas
e convicções pessoais. A relação ambígua de Mayer com a alimentação, ressaltada pela
dualidade em torno do porco e pela constante preocupação das mulheres em sua vida para que
ele coma adequadamente, enfatiza suas lutas internas e as tensões entre suas convicções
políticas e suas limitações. Tais conflitos revelam-se não apenas como um traço individual, mas
como um microcosmo das tensões mais amplas da sociedade em que está inserido.
Referências
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Francielle Manini
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Francielle Manini
Mestranda em Letras na Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), com área de
concentração em Interfaces entre Língua e Literatura. Graduada em Letras - Português e
Literaturas de Língua Portuguesa pela mesma instituição, onde integrou o Programa de
Educação Tutorial (PET Letras) entre 2021 e 2024. Pesquisadora no Laboratório de Estudos
Culturais, Identidade e Representações (LABECIR), com foco em identidade, memória e
cultura.