Mas é preciso lembrar que, ainda que o Decreto PNAES, e agora a Lei PNAES, sejam marcos
que figuram como balizadores importantes das ações no âmbito federal de ensino, as ações de
assistência para estudantes do ensino superior iniciaram bem antes da publicação desses
instrumentos legais e não se limitam às universidades federais, sendo desenvolvidas também
pelas universidades estaduais (por exemplo, na Universidade Estadual de Ponta Grossa -
UEPG).
As ações de Assistência Estudantil na maioria das universidades estão materializadas no
provimento de bolsas para estudos, alimentação e moradia. Porém, “Esse caráter monetizado
da assistência estudantil negligencia as reais necessidades de permanência do/a estudante no
ensino superior" (Polo, 2023: 95).
Sobre o assunto, há o entendimento de que a permanência estudantil está diretamente
relacionada aos aspectos materiais (financeiros/econômicos), visto que a condição de pobreza
pode ser um fator de vulnerabilidade, mas não se limita à eles. Há que se considerar, também,
as condições de permanência simbólica e a necessidade de apoio acadêmico (Santos, 2009;
Figueiredo, 2019; Heringer et al., 2024).
Além de dar conta das necessidades materiais objetivas (ou seja, das necessidades materiais
"básicas") para continuar estudando e concluir o curso, como a alimentação, moradia, material
didático, transporte, internet, acesso a equipamentos de aprendizagem, participação em eventos
culturais e acadêmicos, entre outras questões que demandam aporte financeiro; os/as estudantes
precisam também estarem integrados ao ensino superior, ou seja, sua vinculação à universidade
deve acontecer de igual maneira no sentido simbólico, passando pelo processo de identificação,
reconhecimento e pertencimento ao grupo, que pode estar relacionado à questão racial - ou,
para além, a outros aspectos/interseccionalidades - como, por exemplo, o fato de serem
estudantes mães (Santos, 2009; Figueiredo, 2019).
Permanecer simbolicamente na universidade perpassa a capacidade de "participação nas
diversas atividades acadêmicas e de lazer da turma, interação e sentimento de pertencimento
ao grupo de estudantes" (Figueiredo, 2019: 79). Ou, de maneira articulada e ampliada, a
permanência no ensino superior está relacionada com a possibilidade do e da estudante concluir
a graduação, "preferencialmente com qualidade suficiente que lhes permita a transformação
individual e do seu meio social e, com vistas aos estudos na pós-graduação" (Santos, 2009:
77).
Figueiredo (2019: 78) aponta, com base na tese de Santos (2009), que
“A forma com a qual esse estudante supre suas necessidades materiais,
para permanecer na universidade, irá interferir na sua participação na
vida acadêmica. Durante o curso, o estudante poderá contar com
algum benefício institucional que apoie sua permanência (auxílio
alimentação, permanência, moradia, transporte, dentre outros) e com
isso ter a oportunidade de se manter apenas estudando e vivenciando
de forma plena a universidade. Enquanto outros estudantes poderão