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Lislei Teresinha Preuss e Sherryl Cristina Cavalho
A ATENÇÃO BÁSICA E A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM PONTA GROSSA, PARANÁ
atribuições, bem como requisitou uma supervisão especializada, o acompanhamento de um
profissional de nível superior, o enfermeiro. Este profissional constituiu-se como apoio para a
execução do trabalho dos agentes e tais atividades romperam com práticas e ações de saúde
vinculadas especificamente ao profissional médico (Giovanella; Mendonça, 2008).
Os Agentes comunitários foram essenciais para a concretização de um novo modelo de
atenção, possibilitando o fortalecimento e a integração da comunidade com os serviços de
saúde. “Sua operacionalização começou a gerar uma demanda por serviços de saúde que
deveria ser respondida com tecnologias de maior densidade” (Mendes, 2012:74). Neste
cenário, em 1993, é criado o Programa Saúde da Família (PSF), através da Portaria MS n°
692 de dezembro de 1993, com a finalidade de priorizar ações de proteção e promoção à
saúde da população.
Através da Norma Operacional Básica do SUS de 1996 (NOB SUS 01/96), a atenção básica é
definida como o primeiro nível de atenção à saúde, identificada como “conjunto de ações de
promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação
e manutenção da saúde” (Brasil, 2009:20), e Saúde da Família enquanto estratégia para
consolidação deste modelo de atenção. Aos municípios coube a adoção dos programas
estratégicos da atenção básica, sendo eles: “farmácia básica, vigilância sanitária,
atendimento às carências nutricionais, Agentes Comunitários de Saúde e Saúde da Família”
(Brasil, 2005:17).
A implantação da Estratégia de Saúde da Família (ESF), se expandiu de maneira rápida pelos
municípios de pequeno porte, com pouca ou nenhuma capacidade instalada. Em
compensação, nos grandes centros urbanos, ocorreu de maneira lenta, uma vez que se deparou
com questões de maior densidade, relacionadas à concentração demográfica, ao alto grau de
exclusão para o ingresso nos serviços de saúde, a determinantes de saúde inerentes das
grandes cidades e metrópoles e a oferta permanente em uma rede assistencial desarticulada e
mal distribuída (Escorel et al., 2007).
A ESF se consolidou como um modelo para a atenção básica no Brasil. Neste contexto, em
2006 é criada a Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) através da portaria nº 648/GM
de 28 de março de 2006, revisada nos anos de 2011 e 2017. De acordo com essa legislação, a
atenção básica é considerada o primeiro nível de atenção à saúde, e o indivíduo é
compreendido em sua integralidade. O atendimento na atenção básica ultrapassa o modelo
curativo centrado na figura do médico e suas ações envolvem a prevenção e a promoção da
saúde incorporando-as em outros níveis de atenção e envolvendo diversas categorias
profissionais na sua operacionalização (Carvalho, 2020).
A Equipe é multidisciplinar, integrando médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem ou
técnico de enfermagem e ACS. Como mote de atuação, devem conhecer as famílias do seu
território de abrangência; identificar e intervir nos problemas de saúde da população, realizar,
se necessário, o encaminhamento do usuário para o serviço especializado; realizar ações de
educação de saúde e intersetoriais para a comunidade, bem como prestar atendimento integral
as famílias que se encontram sob sua responsabilidade (Brasil, 2017).