
Luiz Sérgio Duarte da Silva
TESES SOBRE DIDÁTICA DA HISTÓRIA
dogmático como ameaça a seus imutáveis valores. Uma lógica que não valoriza a remissão,
ao engessar os símbolos e sua relação, analisa determinando, interpreta reduzindo e descreve
simplificando. Não percebe camadas nem dimensões da realidade. O que se produz é um real
doente, um imaginário obscuro e um simbolismo comprometido. O que seria ganho opera
redução. Corações e mentes não preparadas para a alteração dos padrões de experiência e
percepção reagem defensiva, violenta e destrutivamente. Regimes autoritários e totalitários
nascem dessa nova forma do paradoxo: a liberdade que cria a prisão.
15 – Não há consciência correta, há consciência em formação. Só temos complexos, incertos,
imprevisíveis, nuançados resultados em educação. O que se espera é que teoria e prática
pedagógica estejam em relação de reciprocidade e que a dificuldade do processo ensino-
apredizagem possa ser exercitado através de disposições de reinscrição, resituação que
explorem as virtualidades do jogo, do paradoxo e da indeterminação. Trata-se de abandonar o
gerencialismo e o culto à performance. Educação não é administração nem desempenho. O
cálculo da educação está sempre por ser reinventado. Não temos equações que resolvam o
modelo de uma interação que depende de tempo, lugar, recursos e contextos. O sentido não é
redução, é construção. Não há soberanos, não há a voz, a identidade, a agência, a experiência.
O desafio da educação é a exploração da instabilidade. A educação é a instituição do
indecidível, a ciência da remissão, do adiamento e da cumplicidade. Educação não é para
profissionais, é para amadores. O interesse em didática da História e a repercussão de uma
filosofia da história que parte da educação histórica de Rüsen podem ser entendidos a partir
do mergulho na história do historicismo. Superar os impasses do relativismo histórico com a
releitura de Droysen (o sistema do conhecimento histórico), Burkhardt (a reconstrução do
todo pela via da montagem epocal), Dilthey (a necessidade da consideração dos aspectos
orgânicos da vida), Troeltsch (o individualismo religioso como fenômeno de continuidade e
vitalidade da tradição), Weber (as direções da rejeição do mundo) sustentam uma atualização
do pensamento histórico moderno. O conhecimento histórico é possível de três modos
distintos: teoricamente (relação entre conceito e caso, universal e particular), categorialmente
(relação entre universais) e configuracionalmente (relação entre particulares). O primeiro e o
segundo modos não são falseáveis porque teorias e categorias dão forma à própria
experiência. O que temos aqui são três formas diferentes de compreensão. Compreensão é um