
Carolina Gomes Nogueira y Maria Leticia Mazzucchi Ferreira
MUSEUS DE MEMÓRIA E DIREITOS HUMANOS NA AMÉRICA LATINA: FORMAS DE
REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA E EXPOGRÁFICA
implantado pelo golpe militar liderado por Augusto Pinochet, e de promover uma “cultura dos
direitos humanos” (Duffy, 2007). Como um projeto bicentenário, inaugurado pela ex-
presidente da República do Chile, Michelle Bachelet, o MMDH busca “impulsionar
iniciativas educativas, que convidam ao conhecimento e a reflexão, através de objetos,
documentos e arquivos de diferentes suportes e formatos”
, que reconstroem a memória e
promovem o engajamento cívico para a promoção dos direitos humanos e da democracia.
Contudo, as premissas de criação dessa instituição estão nas bases da mensagem presidencial
da ex-presidente da República do Chile, Michelle Bachelet Jeria (2006 a 2010 e de 2014 a
2018). Em seu discurso no Congresso Nacional, Bachelet anunciou a criação de um museu
que iria promover a ética dos direitos humanos e a democracia, um espaço no qual os direitos
humanos seriam trabalhados na perspectiva da educação e do “resgate”
da memória
. Assim,
a criação do MMDH marca o compromisso ético de Bachelet com sua condição de ex-presa
política e sua condição como chefe de uma nação fraturada pelo peso do passado.
Assim, a Comisión de Asesora Presidencial en Derechos Humanos e o Ministério de Obras
Públicas (MOP) do Chile, anunciaram em 11 de junho de 2007 a abertura de um concurso
internacional
, patrocinado pelo Colégio de Arquitetos, para selecionar o projeto
arquitetônico do MMDH. O projeto vencedor foi o da equipe de arquitetos de São Paulo -
Brasil, integrada por Mario Figueroa, Lucas Fehr e Carlos Dias.
O projeto vencedor havia conseguido se destacar pela forma arquitetônica centrada em um
bloco aberto e com uma estrutura que alcança uma luminosidade natural. Assim, o projeto
concebido sob a Praça da Memória, tem um corpo de 80 metros de comprimento por 18 de
largura. A sua composição é feita de aço, concreto armado e vidro temperado laminado. O
cubo de vidro que parece levitar sobre as fontes de água, está organizado em três pavimentos,
e conta com galerias, auditório, entre outros. Em seu plano museológico o MMDH conta com
sete setores de atuação, um programa que colabora para o pleno funcionamento da instituição.
Regido pela Fundación Museo de la Memoria y los Derechos Humanos, o MMDH tem por
objetivos de acordo com o artigo 4 da sua Ata de 07 de janeiro de 2010, adquirir, documentar
Informações retiradas do website do MMDH. Disponível em: <https://web.museodelamemoria.cl/sobre-el-
museo/>. Acesso em: 07 de março de 2022.
A palavra resgate está com aspas porque a ex-presidente a utilizou assim no seu discurso. Contudo, para os
estudiosos do campo da memória, não existe resgate da memória, sobretudo, porque a memória de acordo com
Maurice Halbwachs (1990) é uma construção do presente.
“La ética de los derechos humanos y la democracia es el legado que esta generación de chilenos, mi propia
generación, debe dejar a las generaciones futuras. En base a esta convicción, desarrollamos una política de
derechos humanos que se basa principalmente en la educación y en el rescate de la memoria, como forma de
proyectar estos dolorosos hechos al futuro y a las nuevas generaciones, y en la institucionalización de su
protección, respeto y promoción. […] Haremos realidad la creación del Instituto de Derechos Humanos y
fundaremos el primer Museo Nacional de la Memoria”. Biblioteca del Congreso Nacional de Chile. Disponible
en: <https://obtienearchivo.bcn.cl/obtienearchivo?id=recursoslegales/10221.3/10555/5/20070521.pdf>. Acesso
em: 07 de marzo de 2022.
Informação retirada do website do Museo de la Memoria y los Derechos Humanos. Disponível em:
<https://web.museodelamemoria.cl/sobre-el-museo/>. Acesso em: 08 de março de 2022.